ALDO CALVET

 

inÍcio da gestÃo de Calvet no SNT


CORREIO DA MANHÃ SEXTA-FEIRA, 11 DE MAIO DE 1951


A PALAVRA DO DIRETOR DO

SERVIÇO NACIONAL DE TEATRO


ALDO CALVET QUER DESCOBRIR TEATROS

O jornalista Aldo Calvet, atual diretor do Serviço Nacional de Teatro, é autor e crítico, dono de ampla cultura teatral e tem pela arte cênica uma paixão que data da adolescência. No alto posto em que se encontra, anima-o o desejo de trabalhar pelo teatro acima de grupos, totalmente desapaixonado. Conversando conosco, disse-nos das suas preocupações, entre as quais a mais importante é sem duvida aquela de descobrir teatros. Não cogita de criar planos novos para seu departamento.

--- Nem posso cogitar disso, em vista da pequena dotação orçamentária e da compressão de despesas recomendada pelo senhor presidente da República, a direção do Serviço Nacional de Teatro e o Conselho Consultivo são de opinião que, em questão de seu auxílio às companhias profissionais, grupos de amadores e estudantis, deva ser mantido o critério adotado na Portaria Ministerial n 240, de 23 de maio de 1949, pois atende não só aos objetivos culturais, de elevação e expansão da arte dramática no país como aos interesses das atividades teatrais de modo geral. Não há, por conseguinte, um novo plano, mas apenas exigências rigorosas em obediência ao ato em vigor. Esta resolução vai ser submetida à aprovação do ministro Simões Filho. No que estamos vivamente interessados é em “descobrir” teatros no Brasil. Parece estranho o termo descobrir. Mas é isso, porque as casas de espetáculos estão camufladas e não se sabe ao certo o que é teatro ou cinema, pois este absorveu aquele de maneira avassaladora. Não há quase um próprio da Municipalidade que não tenha sido apossado pelo concessionário cinematográfico. E ainda reclamam que a indústria de cinema só pode prosperar e vencer se contar com uma rede de salas exibidoras. Prova isto que os teatros municipais, nos Estados, foram transformados em negócio rendoso para alguns privilegiados que não cultivam a arte, quer fílmica, quer cênica, mas apenas se aproveitam dos maus governos para viver à tripa forra dessa exploração sem limites.

A propósito dos teatros nos municípios, a administração do Serviço Nacional de Teatro tem desenvolvido grande ação junto aos legislativos municipais no sentido de ver rescindidos os contratos de arrendamento. Nessa batalha de recuperação o S.N.T. conta com o decidido e enérgico apoio do governo do presidente Vargas, do ministro Simões Filho, do Conselho Consultivo, que reúne os representantes das entidades da classe teatral, como sejam  Sindicato dos Atores Teatrais, Cenógrafos, e Cenotécnicos, (Casa dos Artistas), Sindicato dos Atores Teatrais, Cenógrafos e Cenotécnicos no Estado de São Paulo (Casa do Ator), da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais, Associação Brasileira de Críticos Teatrais, Associação dos Empresários de Circos e Diversões Públicas e de todos os empresários de Circos e Diversões Públicas e de todos os empresários signatários do memorial que credencia o sr. Jaime Costa no referido órgão instituído no S.N.T.  O amparo do jornal escrito ou falado nesta campanha é de capital importância, por isso mesmo estamos seguros de contar com a imprensa em sua livre e espontânea ação construtiva e patriótica.


O TEATRO ARTUR AZEVEDO

Acabo de ter um entendimento com o Dr. Edison Brandão, prefeito de São Luis, que me garantiu que, ao chegar ao Maranhão, enviara uma mensagem à Câmara solicitando a rescisão do contrato estabelecido entre a firma Duailibe e a Prefeitura de concessão do teatro Artur Azevedo. Além disto, sei que sobre o mesmo assunto, o vereador João Lobato já apresentou na Assembléia um projeto, por sugestão da administração do S.N.T.  Em Belo Horizonte, o vereador Waldemar Diniz Henrique apresentou na Câmara Municipal um Projeto de Lei dispondo sobre a revogação da Lei n 150, de julho de 1950, que autorizou a cessão do Teatro de Emergência, construído no Parque, à Sociedade de Concertos de Belo Horizonte pelo prazo de 25 anos. Tanto o Governador Juscelino Kubitscheck como o prefeito Américo René Gianetti e o Presidente da Câmara, Dr. Antônio Vasconcelos estão interessados na rescisão do contrato do Teatro de Emergência “Francisco Nunes” na capital mineira a fim de que possa ele ser cedido de modo vantajosamente accessível às companhias teatrais. Tenho mantido correspondência com essas autoridades a fim de que tudo seja solucionado o mais breve possível. Com os mesmos propósitos já demos início no caso do teatro Carlos Gomes, em Vitória do Espírito Santo; Central, em Niteroi, etc.