ALDO CALVET

 

serviÇo nacional de teatro - SNT :

repercussÃo DA saÍda de Calvet


TEATRO : MEIRA PIRES

UM HOMEM – I

Não me causou surpresa, de modo algum, o movimento de revolta esboçado em meio à classe teatral, advindo do afastamento do Sr. Aldo Calvet da direção do Servico Nacional de Teatro. Não me causou porque ninguém melhor do que eu conheçe o trabalho daquele incansável homem de Teatro em favor da nossa Arte Cênica.


O S.N.T., há três anos atrás, nada mais era do que uma repartição acéfala e sem finalidade. As vistas dos seus dirigentes sempre estiveram voltadas para o Teatro que se faz no sul do país esquecendo, sobretudo, o termo NACIONAL impregnado à denominaçã desse órgão especializado do Ministério da Educação e Cultura.


Um belo e impressionante movimento de classe levou Aldo Calvet à direção do S.N.T. e , necessitaria, ou, de um espaço muito longo para dizer, em detalhes, o que foi a gestão desse homem que, hoje pode ser considerado sem o menor favor o Benemérito do Teatro Brasileiro… Numa homenagem a esse batalhador que, tenho certeza, voltará breve a assumir as rédeas do atual SERVIÇO NACIONAL DE TEATRO e não SERVICO CARIOCA DE TEATRO, como era antigamente, procurarei em algumas crônicas traçar o perfil de sua administração com absoluta isenção de ânimos, e, sobretudo, escudado na verdade dos fatos afim de que o Vice Presidente Café Filho, especialmente ele, quando estas crônicas receber, sinta que não irá apoiar um homem sem expressão e justificados fiquem todos os apelos que a ele têm sido dirigidos em prol de um cidadão honesto e bem intencionado ao qual o norte está a dever uma soma de proveitosos e inestimáveis serviços.

                                             


UM HOMEM – II

Somente a ingratidão poderia esconder a série incalculável de benefícios prestados pelo senhor Aldo Calvet, à Arte Cênica nacional.


Assumindo em 1951 a direção do S.N.T. , deparou-se com uma Repartição desacreditada na opinião e no conceito do público e, notadamente dos que fazem Teatro, no Brasil, acanhadamente instalada num pavimento da ABI e sem dotação suficiente para suprir as mais urgentes necessidades dos que batalham em favor da formação de nossa mentalidade artística. Usando não apenas de seu prestígio, mas especialmente a sua boa vontade e a sua capacidade incontestável de trabalho, Aldo Calvet, obteve aumento de dotações por intermédio de Deputados e Senadores amigos seus. Surgiu do seu abnegado esforço a transformação do então Curso Prático de Teatro, que passou a ser Conservatório Nacional de Teatro, moldado dentro de irrepreensível pedagogia do ensino dramático, com uma verba especifica para sua manutenção, sem prejuízo da verba destinada aos auxílios às Cias. De sua capacidade realizadora renasceu a Coleção Dionysos, publicando um número considerável de peças de autores nacionais e bem assim a Revista do mesmo nome que insere matéria de interesse teatral, aéem de instalar condignamente o S.N.T.  e o Conservatório em dois pavimentos do Edifício no. 418 da Av. Presidente Vargas. Por intermédio da  Verba – 3 conseguiu o aumento do Quadro de Funcionários que se faziam necessários à manutenção dos serviços por ele criados, instituindo, ainda, um Departamento Especializado para fornecer aos Grupos de Amadores de todo o país cópias e roteiros de peças, além de croquis de cenários, desenhos de indumentária, etc.


As Cias. que até então não possuíam verba determinada para auxílios anuais, passaram a ter no Orçamento dotação especificada de quase três milhões de cruzeiros. Esse aumento fez com que Aldo Calvet, transformasse o SERVICO CARIOCA DE TEATRO, no que hoje é SERVICO NACIONAL DE TEATRO, conhecido e respeitado no Brasil inteiro onde “sua ação já se faz sentir de modo muito acentuado”, como afirmou o Governador Silvio Pedroza, em entrevista publicada na Folha Carioca do Rio de Janeiro, em março de 1952.

                                         


UM HOMEM – III

Enquanto prosseguia no trabalho magnfico de obtenção de meios para atender a subsistência dos vários setores de sua administração, criados ou já existentes, Aldo Calvet ia, aos poucos, fazendo o S.N.T. crescer no conceito dos que de sua força de vontade e idealismo muito esperavam. O norte até então inteiramente desprezado no setor teatral, sem um níquel sequer de auxílio do S.N.T. , passou a receber o amparo da administração Aldo Calvet. Não quero, de modo algum, referir-me aos auxílios distribuídos aos amadores dos outros Estados. Refiro-me, apenas, aos que receberam os amadores do Rio Grande do Norte. Em 1952, como Delegado do S.N.T.,fiz entrega em meu Gabinete de trabalho aos Presidentes dos Grupos os seguintes auxilios: Teatro de Amadores de Natal, Cr$15.000,00; Teatro do Estudante de Natal, Cr$15.000,00; Sociedade de Cultura Musical, Cr$10.000,00; Teatro Escola de Natal, Cr$20.000,00. Além dessas ajudas para os amadores, a administração desse brilhante homem de Teatro, beneficiou de modo acentuadíssimo o nosso velho Teatro “Carlos Gomes”. Criou em Natal uma Delegacia e com a qual veio o ressurgimento do nosso patrimônio artístico.


Este ano remeti cerca de três requerimentos para o S.N.T. assinados pelos dirigentes dos amadores solicitando novas ajudas para o corrente exercício. No dia da notícia do afastamento de Aldo Calvet, recebo daquele amigo um telefonema do Rio na qual dizia ente outras coisas: “Diga aos amadores do seu Estado, que os auxílios deste ano foram devidamente encaminhados”. De comum acordo com o Deputado André Fernandes, Aldo Calvet acertou com aquele nosso representante a apresentação de Emendas no Orçamento da República, num montante de oitocentos mil cruzeiros para a restauração do jardim do Teatro com a necessária construção das placas de concreto. O Deputado André Fernandes escreve-me a respeito e me envia um recorte do “Diario Oficial” no qual tive a satisfação de ler a apresentaço das Emendas e que foram incluídas as verbas do S.N.T.. Quem faria isso? Quem tomaria conhecimento sequer da existência do Teatro “Carlos Gomes”?  Isso, aqui em Natal. Nos demais Estados do norte, Aldo Calvet, se não fez tanto, fez quanto ou superior aos outros que não quiseram  fazer nada e não tiveram capacidade para nada fazer. Veja, Café Filho, o que fez esse homem pelo seu Estado.

CONTATOhttp://www.aldocalvet.org/aldo_calvet_contato.phphttp://www.aldocalvet.org/aldo_calvet_contato.phpshapeimage_1_link_0