ALDO CALVET

 

BIOGRAFIA : A MENSAGEM DO SALMO


SÍNTESE HISTÓRICA DA IGREJA DO ROSÁRIO E SÃO BENEDITO

Fundada pelos escravos em 1640, a Confraria de N.S. do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos funcionou inicialmente na Igreja de São Sebastião, no hoje inexistente morro do Castelo.

Em 1708 (a 02 de fevereiro) lançava-se na antiga rua da Vala, hoje Uruguaiana, a pedra fundamental do glorioso templo – que se tornaria pelo espaço de 71 anos Catedral do Rio de Janeiro.

Sede do Senado da Câmara, foi o primeiro templo frequentado por D. João VI quando estabeleceu sua Corte no Brasil.

Mais tarde sediou também a famosa Academia de Medicina e ultimamente serviu de ponto de reunião do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro.

Do seu Consistório saiu a 9 de Janeiro de 1822 o manifesto do povo levado por JOSÉ CLEMENTE PEREIRA ao PRÍNCIPE D. PEDRO I, exortando-o a permanecer no Brasil com o título de seu Defensor Perpétuo.

Da sua sacada foi lida por INOCÊNCIO DA ROCHA MACIEL a célebre Proclamação do “Fico”.

Embrionando numa modesta Capela construída pelos escravos, a Igreja que COELHO NETO consideraria “mais opulenta do que qualquer basílica”, tomou corpo com as obras devidas ao Governador e Juiz da irmandade LUIZ VAHIA MONTEIRO, cujo retrato se conservava na Galeria Nobre ao lado da Sacristia.

De então passou o templo por diversas reformas, datando a mais notável de 1928, quando da intervenção do Patrimônio Histórico.

Casa de devoção e Monumento Histórico ligado às tradições da Cidade, tem a Igreja do Rosário seu nome vinculado também ao Movimento Anti-escravagista em nosso país.

Nela funcionaram a Caixa Libertadora, de JOSÉ DO 

PATROCÍNIO, o Centro Abolicionista de FERREIRA DE MENEZES e a Caixa Emancipadora de JOAQUIM NABUCO.

No seu órgão o Padre JOSE MAURÍCIO executou as suas primeiras composições de música Sacra. No seu interior repousam os restos mortais de MESTRE VALENTIM. Sob sua nave foi velado o corpo do grande tribuno e jornalista da Abolição JOSÉ DO PATROCÍNIO. No seu Batistério foi sacramentado o civilista e poeta parnasiano OLAVO BILAC.

No seu altar-mor celebraram-se oficialmente as exéquias do Presidente KENNEDY dos Estados Unidos.

Repositório das preciosas relíquias das almas dos escravos, conservavam-se nos seus arquivos documentos de insubestimável valor, inclusive os textos originais da Lei do Ventre Livre e da Lei Áurea.

No seu altar principal entronizavam-se as imagens dos Padroeiros N.S. do Rosário e São Benedito, e nos altares laterais as imagens de: São João Batista, Sagrado Coração de Maria, São Miguel Arcanjo, N.S.  das Graças, Sant’Ana, São Joaquim, São Sebastião, Sto. Antônio, São Jorge, Sta. Bárbara, Sta. Luzia, Sto. Onofre, Sta. Filomena, N.S. das Dores, Sta. Terezinha, São Francisco de Assis, Sta. Ágata, Sta.Úrsula, e Sta. Catarina.

Na madrugada de 25 para 26 de marco de 1967, ocorreu o incêndio que suspendeu as práticas religiosas que ali se vinham realizando pelo espaço ininterrupto de mais de duzentos anos.

Em julho de 1967 fundou-se nos escombros da Igreja a Cooperativa Artística e Cultural sob a denominação de Pequeno Teatro do Rio de Janeiro, e que ora inicia as suas atividades com a representação no recinto do templo incendiado  da peça  “A Mensagem do Salmo”.


Rio, 18-8-67

J. ROMÃO DA SILVA



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