ALDO CALVET

 

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ATIVIDADE NA IMPRENSA


O BURLESCO JÂNIO QUADROS


Se vivessem Molière; se Ludovic Halevy e Henri Meilhac vivessem; se viverssem Charles-Maurice Hennequuin e Pierre Veber; se Victor Leon, Leo Stern, A. M. Millner, Reichart vivessem; se vivesse Georges Feydeau, decerto que estes autores dramáticos (de comédias, farsas e operetas) aproveitariam o tipo teatralesco (cômico-ridículo-grotesco) do Sr. Jânio Quadros para comporem novas peças com as quais - não temos a menos dúvida - divertiriam sucessivas gerações, século após século, encontrando nele farto material a explorar no palco, sob as luzes das gambiarras, quer no físico apequenado, magricela, cavernoso, quer nos tiques nervosos, nos sestros risíveis, nas precárias condições morais, na audácia e na arrogância, na falta de honestidade, no todo bufonesco, porque - francamente - os chiliques histéricos do Sr. Quadros são de uma hilaridade irresistível, dignos de aproveitamento por comediógrafos experientes, conhecedores hábeis da carpintaria cênica. Mas a figura bem teatral do Sr. Jânio Quadros, apesar de falecidos Molière, Hennequin, Halevy, Meilhac, Feydeau e outros, tem sido um bom petisco para os nossos revistógrafos que raramente o perdem de vista nos seus "sketches" e nas suas cortinas aviltantes e desmoralizadoras. Como dissemos, os condimentos são sedutores para o gênero de espetáculo que vive e se alimenta do despudor, da ausência da autocrítica, das atitudes e do comportamento truanescos. Ora, o Sr. Jânio Quadros é um manancial caudaloso de onde se pode extrair e expor um mundão de pilhérias debochadas, bastando traçar-lhe a caricatura à luz da ribalta. Se isto não fosse o suficiente como fonte inspiradora para aqueles que não conseguem conter gargalhadas ao vê-lo, outra razão justificaria a persistência dos revisteiros em lançá-lo à exprobação do proscênio. O tartufismo de Jânio Quadros émuito familiar aos artistas, cuja profissão os obriga a conhecer todas as misérias humanas. Ele, o símbolo da vassoura e da sujeira, jamais conseguiu iludir a perspicácia da gente do teatro. Não foi surpresa, portanto, que tenha acabado com os laureis instituídos pelo Sr. Lucas Nogueira Garcez, sob a denominação de "Prêmios Governador do Estado", ao assumir desgraçadamente a Chefia do Executivo bandeirante. O Sr. Jânio Quadros era e é capaz de muito mais em São Paulo ou onde quer que se pilhe... Pela sua evidente vocação de "camelot" , só pedimos a Deus misericordioso que o mantenha sempre distante do Distrito, pois a vigilância policial aqui não pouparia os seus negócios da politiquice.

NOTA: - Deveria ter sido publicado no dia 29/12/5  - FOI CENSURADO -


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