ALDO CALVET

 
Aldo Calvet teatro dramaturgia Katalina DIARIO DO NORTE - 8.11.1938 ANTONIO OLIVEIRA
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COMENTARIOS NA IMPRENSA

PUBLICADA EM SAO LUIS (MA) 1938

DÍARIO DO NORTE - 8.11.1938


ANTONIO OLIVEIRA

Aldo Calvet, conhecido primeiro como amador theatral e, depois como profissional, occupando lugar destacado em companhias que percorreram grandes cidades brasileiras, acaba de nos mostrar mais uma faceta de seu talento, inscrevendo-se no reduzida fileira dos nossos autores theatrais.

Katalina é a peça de estréa desse nosso conterrâneo que soube vencer heroicamente, a hostilidade proverbial do nosso meio ambiente, publicando não a clássica brochurazinha de poesias lyricas sem outras conseqüências, mas uma forte peca de theatro, uma alta comedia em que aborda um thema de elevado interesse social.

KATALINA é como tantas outras mulheres, uma victima das “mentiras convencionaes da nossa civilização”, dos nossos anachronicos e falsos preconceitos.

Aldo Calvet andou observando com cuidado, estudando carinhosamente a vida, para nos dar, depois um relato fidelíssimo de certos personagens que teem existência real, profunda, dolorosamente real.

Poderão os críticos encontrar defeitos na peca de estrea desse jovem theatrologo conterrâneo, mas cometterao a maior  das injustiças se lhe não reconhecerem a grande vocação artística, que de facto possu’e, e um invejável, brilhante talento.

Aldo Calvet confessa, na apresentação de seu trabalho, que segue a escola de Joracy Camargo e, assim fazendo, so merece nossos parabéns.

Se algum critico zarolho quizer atirar em KATALINA a sujeira das suas dejeções, o autor que se console com o creador de “Anastácio”, que também foi victima das mesmas perversidades.

“KATALINA e a vida de uma mulher honesta explorada pela infâmia; DEUS LHE PAGUE, a de um operário vilipendiado, roubado pela ambição, elle se fez mendigo, ella prostituta; ambos, com o mesmo direito de vida, procuraram, naturalmente, onde ganhar o pão com a maior facilidade. Ella encontrou um lupanar como abrigo, elle a porta de uma Egreja, e vivem ambos”, diz ainda o autor na sua “Apresentação”.

Esta a única identidade que ha na ppeca de Joracy Camargo e em KATALINA, e que Aldo Calvet, como medida de precaução contra a myopia de certos críticos, confessa também lealmente, na sua apresentação a guisa de prefacio.

Matar a cabeça, para ver, em KATALINA, outras semelhanças, não e uma questão de enxergar demais; será apenas, na melhor da hypotheses, cegueira de nascença . . .

A Aldo Calvet, digno dos nossos maiores incentivos, o nosso mellhor abraço.