ALDO CALVET

 

revista de teatro da sbat


HOMENAGEM PÓSTUMA DA

REVISTA DE TEATRO-SBAT A SEU

DIRETOR ALDO CALVET


ALDO CALVET (1911-1993) UMA VIDA DEDICADA AO TEATRO E ÀS LETRAS  Daniel Rocha


Aldo Calvet nasceu no dia 13 de março de 1911, em São Luis do Maranhão, berço natal de muitas personalidades ligadas a nosso teatro. Artur Azevedo, Viriato Correa e Apolônia Pinto eram seus conterrâneos. A atividade teatral o atraiu desde cedo. Participou, como amador, em vários espetáculos, e já em 1934 estreava sua primeira peça, “Silêncio”, no Teatro Artur Azevedo, de São Luis, e desenvolvia grande atividade jornalística em sua cidade natal, nos jornais Folha do Povo, O Combate, A Tarde, Notícias e Diário do Norte.


Na década de quarenta, veio para o Rio e, sempre ligado ao teatro, exerceu a crítica no jornal Folha Carioca durante oito anos. Foi depois para o Jornal do Comércio e também para a Última Hora, sempre como crítico, até 1959. Em 1951, com o apoio da classe teatral, o Presidente Getúlio Vargas o nomeou diretor do Serviço Nacional do Teatro do Ministério da Educação e Cultura, cargo que ocupou ate 1954. Em sua administração desenvolveu grande atividade, criando o Conservatório Nacional de Teatro (que daria origem à Faculdade de Teatro da UNI-RIO), deu atenção ao teatro infantil e fundou a Companhia Dramática Nacional, que se dedicou a montagens e representação de textos de autores nacionais, tendo percorrido o Brasil e alcançado assinalado êxito.


Técnico de Comunicação do Ministério da Educação e Cultura, ocupou vários cargos de relevo e prestou ao nosso teatro bons serviços dirigindo companhias, ensaiando elencos e escrevendo quadros e cenas para espetáculos musicados. Sempre dedicado ao teatro em nosso País, Aldo Calvet era, agora, Diretor da SBAT e responsável pela Revista de Teatro, cujo mérito foi reconhecido pela Secretaria de Cultura da Venezuela, que lhe concedeu em 87 o “Premio Ollantay” de melhor revista de teatro, publicada em toda a América Latina. Seu nome há de figurar com destaque na história do teatro no Brasil.


EDITORIAL


Um fato lamentável: a morte de Aldo Calvet. A ele este número é dedicado, em homenagem àquele que dirigiu a Revista nos últimos anos e dela fez sua forma de se manter sempre presente em nosso espaço teatral.


É um fato assim que, ao introduzir inesperadas mudanças, obriga a reformulações, a um balanço do que é e do que pode vir a ser a Revista de Teatro da SBAT.


Balanço que vai pondo em questão todos os seus aspectos. Vivemos em um tempo de grave crise econômica em todo o pais, o que faz com que não sejam poucas as dificuldades enfrentadas para se manter viva e com periodicidade pretendida esta que é, senão a única, pelo menos nossa maior Revista de Teatro.


Dificuldades que não são apenas de ordem econômica. Com a morte do diretor, houve um atraso na distribuição do número anterior. E este mesmo número, também sai com atraso. Mas, o que é importante e significativo, não deixa de sair. A quebra da continuidade não se deu porque a jornalista Patrícia Albuquerque assumiu espontâneamente o encargo de levar a cabo a pauta estabelecida e encaminhar sua impressão; e a equipe de apoio, seguindo este exemplo de profissionalismo, lhe deu o suporte necessário. Paralelamente, a Presidência da SBAT se mobilizou de imediato, buscando preencher o espaço aberto na direção. E os funcionários da Revista e da sede da SBAT se prontificaram a dar à nova direção todas as informações e articulações para se situar e continuar, sem interrupções, a edição do n 485, tal como havia sido programada por Aldo Calvet.


Assim, sem alarde, sem comentários sequer, surge uma primeira e auspiciosa constatação: a Revista, dirigida a um público de todas as áreas de cultura do Brasil e do exterior, é obra de muitos, envolve muitos e a muitos se dirige. E é, portal, marco e presença viva da SBAT em nosso meio.


A morte existe, até como prova de nossa humana precariedade. Mas a vida ultrapassa nos que continuam e se empenham em fazer, de cada morte, um possível renascimento. Algo que, desejamos e esperamos, virá acontecer também com a revista da SBAT.


A partir do próximo número assume a Direção da Revista a autora teatral e ensaísta Maria Helena Kuhner.


NOSSA CAPA


Aldo Calvet faleceu no dia 26 de março. Há alguns anos, Calvet era o editor da Revista de Teatro da SBAT. Jornalista e autor de teatro, ele nasceu em São Luis do Maranhão em 13 de março de 1911. Aos doze anos começou a trabalhar para ajudar a família. Em 31 era ator amador, profissionalizando-se logo depois. Suas primeiras críticas teatrais foram publicadas no Diário do Norte, de São Luis. Em 45, já no Rio de Janeiro, trabalhou como crítico na Folha Carioca. Ingressou no S.N.T. nessa época, órgão que viria a modernizar e melhorar a ponto de, em 63, receber a medalha ao Mérito por sua atuação como diretor do S.N.T. Foi também crítico teatral do jornal Última Hora. Ultimamente exercia seu conhecimento jornalístico e seu amor pelo teatro à frente desta Revista.